A magia da Bicicletada

No começo de agosto de 2010 frequentei alguns grupos de bike, tais como Total Bike e o CAB, mas os grupos têm uma visão mais de passeios de bicicletas e não de usar a bicicleta como meio de transporte. Sim, gosto de andar com eles, mas ainda faltava algo, ainda não estava completo. Foi então que nas minhas buscas pela internet me deparei com as “Bicicletadas”.

Pra quem não conhece Bicicletada é a versão nacional do Critical Mass (Massa Crítica), que começou em meados de 90 em São Francisco no Estados Unidos e era uma forma de mostrar que os ciclistas estavam ali, e conscientizar as outras pessoas que nós ciclistas também tínhamos o direito de usar as ruas.

OK, descobri que o pessoal se juntava toda última sexta-feira do mês e lá fui eu. Sai do trabalho, peguei a minha “amante” e fui em direção a Pr. do Ciclista na Av. Paulista. Cheguei um pouco cedo, e não tinha tantas pessoas. Com o passar do tempo foi chegando mais e mais pessoas, eu falo por baixo umas 400 pessoas, o que encheu a praça por completo.

Para quem só andava sozinho ou em grupos que juntavam no máximo 50 pessoas, aquilo era o máximo, bicicletas de todos os tipos, pessoas de todos os tipos, e todos unidos por uma única coisa em comum, a bicicleta.

O grupo começou a tomar movimento, e a magia das luzes piscantes me tragou para dentro daquilo. Comecei a contornar a praça com o pessoal, e quando percebi tínhamos parado o trânsito da Av. Paulista. As pessoas nos prédios, bares e calçadas aplaudiam, umas ficavam se perguntando o que acontecia, mas todas com um certo ar de perplexidade, as pessoas nos carros se surpreendiam, algumas apoiavam e até sorriam, outras se irritavam e buzinavam como se estivessem nos xingando, até que começou o coro “Menos carros, mais bicicletas”, ou “Mais amor, menos motor” e para somar com as buzinas uns e outros gritavam “Quem gosta de bicicleta buzina!”.

Aquilo me tomou por inteiro, senti como se por alguns instantes uma cidade onde trafegar de bicicleta não era uma coisa de “louco” como alguns sempre me disseram. Aquela massa toda tomou várias ruas da cidade de São Paulo, e como dizem no meio da massa pode ter certeza que você estará protegido, pode se sentir livre e realmente é a verdade, nem nos preocupamos apenas nos locomovemos.

Mas como tudo que é bom dura pouco, retornamos para a Praça do Ciclista e cada um foi pro seu lado, mas não antes de formarmos os tais bondes, pequenos grupos para ninguém se sentir sozinho. Encontrei um que iria pro Jabaquara e me juntei. E foi mais uma oportunidade para conversarmos, formarmos novas amizades, e ainda ficar com aquele gostinho de que a cidade perfeita não é tão utópica quanto parece.